(Conteúdo redigido para o Blog do Ballet Paula Castro)
Lançamento da Freed of London
Estaria o ritual de pintar as sapatilhas de ponta com maquiagem, para as deixar no tom de nossa pele, com os dias contados? A proposta para facilitar a rotina de bailarinas não-brancas foi desenvolvida pela marca inglesa, Freed of London, em parceria com a companhia britânica Ballet Black, para que bailarinos e bailarinas de ascendência negra e asiática tivessem maior espaço no mundo da dança.
Em novembro deste ano, a marca começou a comercializar dois modelos pensados exclusivamente para este público, uma na cor marrom e outra no bronze.
A norte-americana Gaynor Minden também possui uma coleção de sapatilhas de ponta nos tons nude/marrom, mas este novo lançamento dialoga sobre a falta de representatividade na dança, assim como as tradições impostas neste universo.
Em entrevista ao Estado de São Paulo, Cura Robinson, bailarina-sênior da companhia Ballet Black e que assina a campanha da Freed of London, explica que por quase toda a sua carreira tinha que pintar as suas sapatilhas para que elas combinassem com o tom de sua pele e, assim, começou a tingi-las com maquiagem. Processo que demanda tempo e dinheiro, mas acima de tudo, que possibilitou uma postura de liberdade para as bailarinas. “Foi incrível subir ao palco sendo eu mesma, 100% da minha cor”, recorda.
A sapatilha, com a função de dar leveza ao artista, não é o único aspecto que remete aos preconceitos e estereótipos deste segmento de atuação. “No balé, as pessoas têm um forte apego às tradições. Elas acham que usar meias marrons sob o tutu é de alguma forma errado. Queremos mudar um pouco essas tradições”, relata Cura.
Uma evolução, não? Diferentes tonalidades e preferências de sapatilhas. Agora, as bailarinas não precisam mais pintá-las com nugget branco e base de rosto!
Por Patrícia Marrese