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Cia. Carne Agonizante

Cia. Carne Agonizante estreia espetáculo na Oficina Cultura Oswald de Andrade

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Cia. Carne Agonizante
Crédito imagem: Júnior Cecon

A Cia. Carne Agonizante, dirigida por Sandro Borelli, estreia espetáculo no dia 18 de março na Oficina Cultural Oswald de Andrade. As contradições e utopias existentes na relação entre a Constituição brasileira e as realidades política, social e econômica do país são o ponto de partida de KONSTITUIÇÃO, RÉ EM 2ª INSTÂNCIA.

A obra é inspirada no discurso de Ulisses Guimarães (presidente da Assembleia Nacional Constituinte) na promulgação oficial da Carta Magna brasileira em 1988. A pesquisa se apoia em elementos contidos na oratória do parlamentar para desenvolver uma ação corporal cênica que possa exalar as contradições e utopias contidas no documento quando aplicado na realidade política e social.

“Escolhi esse discurso sobretudo pela minha indignação com a atual política nacional, o que acaba potencializando meu trabalho como artista-criador. O que Ulisses Guimarães fala e o que está escrito na Constituição brasileira acabou virando uma espécie de discurso romântico, uma utopia muito distante da realidade. Porque tudo isso é trucidado diariamente pela próprio Estado brasileiro, com respaldo de boa parte da sociedade. Na cena, o discurso de Ulisses é comparado ao que tem acontecido na nossa sociedade atual. Apresentamos o que está escancarado no Brasil: o machismo estrutural, a violência entre as classes sociais, o povo pobre sendo manipulado pelas elites, o racismo total, o feminicídio, homofobia absurda e o ressentimento. Essa violência toda alimentou a criação. O espetáculo, muito irônico e intenso, é uma espécie de poesia corporal de guerra contra essa realidade atual do país”, comenta Sandro Borelli.

O encenador conta que essa pesquisa surgiu em 2016, quando ele foi convidado para criar um espetáculo com um grupo de jovens artistas de uma periferia de Fortaleza, que seria encenado na abertura do festival Fendafor. Depois de pronto, o trabalho, com foco no feminicídio, a direção da mostra considerou algumas cenas muito violentas para serem contempladas pelos convidados ilustres do evento e pediu que elas fossem retiradas da dança. Não aceitando qualquer tipo de censura sobre a sua criação, o trabalho não foi apresentado.  

“Voltei para São Paulo frustrado, mas querendo desenvolver o trabalho quando tivesse oportunidade. O tempo passou e, no ano passado, o Wellington Duarte me convidou para fazer um trabalho com o grupo dele, o Núcleo Entretanto, e tive a ideia de continuar desenvolvendo a pesquisa. Neste ano voltei para a investigação ainda mais turbinado por conta do que está acontecendo no país, desse estado neofascista que se apoderou das instituições no Brasil e da violência que está cada dia maior”, acrescenta. 

A proposta do espetáculo é criar uma encenação de extrema violência corporal, ressaltando o quanto somos criadores e criaturas das nossas próprias mazelas e sádicos por essência. Em diversos momentos da nossa existência agimos como abutres embrutecidos em torno de uma carcaça abandonada disputando nacos de ventres do próximo. A morte por si só, já se nos apresenta como uma espécie de gran finale, não há como não perecer sem estar inserido em um momento espetaculoso. Qualquer morte, por mais esperada que seja, deverá apresentar uma empatia, o momento mais arrebatador da aguardada última cena da existência. A pesquisa se orienta na crítica ao Estado e na hipocrisia genética do indivíduo.  

A palavra Constituição, no nome da dança, é escrita com a letra “K”, em homenagem ao autor tcheco Franz Kafka (1883-1924), referência importante que esteve presente em outros trabalhos da companhia. Já o subtítulo, “Ré em 2ª Instância” refere-se ao fato de que a Carta Magna estaria sendo julgada pela justiça brasileira já em processo de ser condenada definitivamente. “O título poderia até ser ‘Konstituição, bovinos rumo ao abate civilizatório’, que é como nossa sociedade tem caminhado ao longo dos séculos”, explica o diretor. 

SERVIÇO

KONSTITUIÇÃO, RÉ EM 2ª INSTÂNCIA, da Cia. Carne Agonizante

Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363, Bom Retiro

Temporada: 18 de março a 4 de abril

De quarta a sexta, às 20h, e aos sábados, às 18h

Ingressos: Grátis, distribuídos uma hora antes de cada apresentação

Classificação: 16 anosDuração: 50 minutos

Por Patrícia Marrese

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Patrícia Marrese

Patrícia Marrese é formada em Relações Públicas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e certificada em Ballet Clássico. É mestre em Comunicação e Cultura pela Université Côte d’Azur, na França.